quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Algumas observações táticas de Sport 0x1 América

Um deserto de ideias. Um time em completa reformulação - do meio para a frente - que demonstra extrema dificuldade na construção de seu processo ofensivo. Um erro de saída de bola e uma defesa inexplicavelmente descompactada e sem equilíbrio. O resumo de uma noite que se tornou histórica. Das deficiências táticas e incompetência técnica do Sport à eficácia fatal do América. Nesta quarta-feira, 3, o Periquito bateu o Leão por 1 a 0. Foi a primeira vitória americana contra o rubro-negro desde 1973 (76 jogos) e a primeira derrota do Sport na Ilha do Retiro depois de 30 jogos.

O Sport inicia o ano de 2016 em reconstrução. Se o sistema defensivo seguiu intacto em relação a 2015, do meio de campo para a frente - com exceção de Rithely -, o Leão apresenta um time completamente novo. Fato que somado à falta de contratação de um meio-campista prejudica o começo de temporada do Leão, que se vê em um deserto de ideias no meio de campo, o que o prejudica quando enfrenta um time que se fecha em seu setor defensivo, marcando, na maioria das vezes, com todos (ou praticamente todos) os seus jogadores atrás da linha da bola.

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Contra um adversário fechado, o Sport demonstrou que está longe de atingir as rotinas de jogo no setor ofensivo. Falta entrosamento, o que se evidencia na ausência de vários princípios princípios estruturais de ataque. Como na sequência de imagens abaixo, em que Durval sai com a bola e não tem apoio.

A defesa do América está postada de forma a fechar as linhas de passe do zagueiro rubro-negro. Na falta de apoio - ou seja, a aproximação de companheiros que oferecessem linhas de passe - e mobilidade - a movimentação dos jogadores sem a bola, dificultando a marcação fechada, visando à criação de passes bem como, também, a formação de linhas de passe -, Durval não tem alternativa a não ser tentar o passe longo. Um “recurso” explorado bastante no jogo e que, tal como nesse lance, redundava quase sempre em perda de bola.
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Éverton Felipe era o jogador que deveria estar mais centralizado no meio de campo rubro-negro. O garoto, entretanto, caía com frequência no lado direito do ataque. O que ajuda a explicar o deserto de ideias do Sport, que carecia de um articulador pela zona central do gramado. Apesar disso, é necessário dizer que algumas das melhores oportunidades do Leão na primeira etapa saíram de jogadas individuais de Éverton, que partia na diagonal da direita para dentro da área.

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Sem conseguir penetração, os jogadores do Sport, assim que chegavam ao último terço do campo pelas laterais, abusavam nos cruzamentos para a área, em busca de Túlio de Melo, que desperdiçou todas as chances que teve - e não foram poucas. A ultrapassagem de Renê, dando a Rithely uma linha de passe inteligente, foi algo raro na construção ofensiva do Leão. Não rara foi a forma como Túlio de Melo não conseguiu dominar a bola após o cruzamento do lateral esquerdo.

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No primeiro tempo, o Sport esteve perto de abrir o placar com Durval aproveitando um lance de escanteio. E se nota claramente que se tratou de uma jogada ensaiada, ou seja, desenvolvida nos treinamentos. O escanteio é cobrado aberto, à procura do zagueiro rubro-negro. Um lance a ser observado pelos futuros adversários do Leão.

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Falcão disse que seu time jogou bem e que o resultado foi injusto. O Sport teve o controle da posse de bola. Mas, o América também se recusou a ter a bola, optando por se defender. E ter a bola sob controle não significa que o time esteja bem. Jogar bem é saber o que fazer com a bola. E o time rubro-negro, como foi exposto acima, mostrou várias deficiências na construção ofensiva e isso aconteceu pela falta, neste momento da temporada, de princípios estruturais de ataque.

Se no primeiro tempo América não conseguiu encaixar nenhum contra-ataque e se limitou a marcar atrás da linha da bola, entre os nove minutos da segunda etapa e o gol de Danyel, a equipe alviverde adiantou sua marcação. E nesse curto período de tempo - quatro minutos -, o América conseguiu complicar a saída de bola do Sport. O gol não foi fruto do acaso. Mas do erro na saída do sistema defensivo rubro-negro.

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Na sequência acima, a pressão do América força que Matheus Ferraz devolva a bola para Danilo Fernandes, que passa para Durval, que, pressionado, livra-se da bola e termina mandando-a direto para fora.

O lance do gol de Danyel também foi uma falha na saída de bola. Serginho - no único erro que cometeu em toda a noite (até então e, mesmo depois, não foi mal no jogo) - bateu uma falta que foi interceptada no meio de campo. Ao equívoco de Serginho se somam falhas em princípios estruturais de todo o sistema defensivo rubro-negro.

Principalmente, a falta de compactação - dando espaço a Alex Gaibu e Carlinho Bala - e equilíbrio, com o lado direito da defesa aberto, já que Samuel Xavier estava bem à frente, mesmo com a bola tendo saído do lado esquerdo da defesa. O buraco deixado pelo lateral direito, por sinal, não teve a devida cobertura e, na falha do balanço, Danyel penetrou na defesa do Leão e marcou o gol da vitória do América.

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As substituições de Falcão desmontaram ainda mais o time. A entrada do lateral direito Maicon para ser um meio-campista que caía constantemente no lado esquerdo do ataque contribuiu apenas para deixar o enorme vazio na faixa central de campo.
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Percebendo isso, o treinador colocou o garoto Fábio, no lugar de Renê, para atuar no meio. Assim, recuou Mark González para fazer a ala esquerda. Cansado pelo desgaste da partida e do início da temporada, o chileno, obviamente, não teve pernas para cobrir o lado esquerdo do campo.
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