domingo, 24 de janeiro de 2016

Observações táticas do amistoso de pré-temporada Náutico 2x0 Botafogo-PB

Este ano, vou dar início, neste blog, a uma série de observações táticas. Como setorista do Náutico no Superesportes do Diario de Pernambuco, minha primeira análise vai ser de um jogo do Timbu. Neste sábado (23), o Náutico encarou o Botafogo-PB em seu último teste de pré-temporada, antes da estreia no Campeonato Pernambucano, no Clássico das Emoções. Claro, trata-se apenas da segunda partida do time em 2016 (sem contar os jogos-treino contra a Agap-PE), então, qualquer interpretação deve levar em conta o fato de estarmos diante de um time que ainda se encontra em formação.


Para o jogo, Dal Pozzo pretendia experimentar um novo sistema tático, para servir de alternativa ao 1-4-2-3-1 utilizado na reta final da Série B 2015. Para isso, o treinador alvirrubro praticou ao longo de toda a semana atividades utilizando esquema 1-4-1-4-1. Organização que havia funcionado no jogo-treino com a Agapa, mas que o técnico queria provar diante de um adversário de nível competitivo mais elevado.


Assim, o Náutico entrou em campo com Rodolpho; Rafael Pereira, Ronaldo Alves, Fabiano Eller e Gastón; Elicarlos; Roni, Eduardinho, Renan Oliveira e Bérgson; Thiago Santana. Que deveriam estar dispostos em campo da seguinte maneira.


Formação inicial de Náutico x Botafogo-PB 23-01-2016.jpg


Na primeira etapa, entretanto, em que pese o Náutico tenha dominado a posse de bola, a equipe alvirrubra foi incapaz de corresponder à pretensão do treinador. O Timbu procurava sair com a bola dominada desde a sua defesa e controlava as ações do jogo a partir daí. Entretanto, a supremacia da posse de bola alvirrubra não se traduzia em pressão sobre o adversário, uma vez que o time jogava em progressão lenta, sem intensidade e sem buscar penetrações e muito menos amplitude e profundidade ofensivas. O que facilitou a marcação individual do Botafogo-PB, que veio para a Arena disposto a jogar em contra-ataque.


Dal Pozzo treinou bastante, ao longo da semana que antecedeu o amistoso, a compactação do time (tanto defensiva, quanto ofensiva). Em termos ofensivos, contudo, o que se viu em campo foi um meio de campo descompactado, com o volante Elicarlos jogando muito afastado do meia armador, Renan Oliveira, deixando um enorme buraco no setor central do gramado.


Problema que poderia ter sido colmatado caso o time tivesse efetivamente jogado em 1-4-1-4-1, o que não se verificou na prática. Isso porque Roni e Bérgson, ao invés de compactarem mais no meio de campo no momento da transição ofensiva, adiantavam-se para o ataque, formando uma linha de três ofensiva, deixando o Náutico com três atacantes e, por conseguinte, não preenchendo o meio.


Observações que podem ser verificadas na imagem abaixo.


Falta de compactação no primeiro tempo e três atacantes.jpg


Além disso, como foi dito, o time carecia de amplitude e profundidade. Se Bérgson e Roni avançavam e formavam uma linha de três no ataque, poderiam ter procurado dar maior largura ofensiva ao time, abrindo nas pontas, ao invés de centralizarem em demasia no campo. Os três, incluindo Thiago Santana, tentavam dar mobilidade ao ataque, movimentando-se bastante e trocando de posições entre eles. Contudo, nenhum dos três forçava a defesa do Botafogo-PB a recuar, facilitando à marcação compactada dos paraibanos. No que tange à amplitude, os laterais Gastón e Rafael Pereira ainda procuravam alargar o jogo alvirrubro, mas esse movimento se restringia à transição ofensiva.


Amplitude dos laterais e ataque centralizado.jpg


No início do segundo tempo, o Botafogo-PB adiantou suas linhas, procurando surpreender o Náutico. Dal Pozzo logo percebeu a mudança de postura do adversário e desistiu do 1-4-1-4-1, retornando ao 1-4-2-3-1, sistema que passa mais garantias ao treinador. Eduardinho recuou em campo, passando a atuar mais ao lado de Elicarlos, à frente da zaga, dando maior segurança defensiva. Alteração que permitiu ao Timbu voltar a controlar o jogo.


Formação do 2º tempo de Náutico x Botafogo-PB 23-01-2016.jpg


4-2-3-1.jpg


O Náutico seguia, contudo, com a transição ofensiva lenta e sem intensidade, procurando suprir esta lacuna em passes longos, tentando explorar as costas da defesa do time paraibano. Não foi de espantar, portanto, que os gols alvirrubros tenham saído de bola parada (ambos de pênalti, convertidos por Ronaldo Alves).


Após o primeiro gol timbu, o Botafogo-PB fez logo três alterações de uma vez. Os paraibanos fariam, ainda, oito substituições. Enquanto o Náutico promoveu cinco mudanças. Com tantas trocas, o jogo perdeu, naturalmente, em qualidade técnica, fazendo com que uma análise tática aos minutos finais ficasse comprometida.

Se Gilmar Dal Pozzo queria usar o amistoso como parâmetro para tirar dúvidas quanto ao sistema tático a ser utilizado na estreia do Pernambucano, certamente saiu de campo com algumas indefinições. Ou, uma certeza: de que vai ter muito trabalho ao longo da próxima semana para colocar nos eixos o setor de meio de campo e ataque do Náutico. O que, por sinal, é natural, nesta altura do ano.