sábado, 28 de dezembro de 2013

O campeonato que ainda não acabou

Na sequência da retrospectiva de fim de ano do Superesportes, hoje o futebol brasileiro teve o seu destaque. Contribui escrevendo sobre o imbróglio envolvendo Portuguesa, Fluminense, STJD... Um resumo dos acontecimentos, com boa dose de minha opinião acerca do tema.



No ano em que os jogadores brasileiros passaram a reivindicar - através do Bom Senso FC - uma revisão no extenuante calendário do futebol nacional, o Campeonato Brasileiro da Série A se estenderá para além das datas previamente estipuladas. Dentro de campo, a bola deixou de rolar no dia 8 de dezembro, quando se encerrou a 38ª rodada. Que deveria ter sido a última do Nacional.

Longe das quatro linhas, obedecendo a todas as formalidades dos rituais judiciários, camisas, calções e chuteiras deram lugar aos ternos e gravatas. O drible, o passe em profundidade, o balançar das redes foram substituídos pelos datas vênia, douto, e outros jargões jurídicos. No Superior Tribunal de Justiça Desportiva, mais duas rodadas. Jogando em casa - o “Tribunal” tem sede no Rio de Janeiro - o Fluminense aproveitou as 39ª e 40ª rodadas para ultrapassar a Portuguesa. Condenada à Série B, a Lusa promete não se dar por vencida.

No dia 16 de dezembro, a 39ª rodada do Brasileirão - realizada na comissão disciplinar do STJD - derrotou a Portuguesa por 5 a 0. Por conta da escalação irregular do meia Héverton na partida contra o Grêmio, na 38ª rodada, a Lusa perdeu quatro pontos. Com a punição, o clube paulista caiu da 12ª colocação para a 17ª, sendo, assim rebaixada. Ontem, o pleno do STJD realizou a 40ª rodada do Brasileirão. A Portuguesa foi novamente goleada. Por unanimidade - 8 a 0 - o órgão administrativo disciplinar da CBF manteve o rebaixamento da Lusa.

Derrotado na esfera esportiva, o presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa, acredita que a luta de seu clube para permanecer na Série A ainda não chegou ao fim. Amparando-se no Estatuto do Torcedor - Lei 10.671/03 - o dirigente promete defender o direito de sua agremiação. O artigo 35 da lei federal determina que as decisões dos órgãos da Justiça Desportiva devam seguir o que é adotado em relação às decisões dos tribunais federais.

O ano de 2013 vai chegando ao fim. O Campeonato Brasileiro 2013, porém, vai adentrar pelo ano de 2014. Sua 41ª rodada deve se dar nos Tribunais. Desta feita, nas tribunas do Poder Judiciário.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O mais equilibrado da história

Pela primeira vez na história, o Campeonato Português chega ao dia 31 de dezembro com três clubes dividindo a liderança. Ao fim de 80 edições, os três grandes do país vão virar o ano repartindo o topo da Liga Portuguesa


Tradicionalmente, o Campeonato Português é dominado pelos três grandes clubes do país. Assim como no futebol pernambucano Sport, Santa Cruz e Náutico dominam o campeonato estadual, em Portugal, Benfica, Porto e Sporting tomam conta do campeonato nacional. Contudo, apesar do domínio avassalador do trio de ferro lusitano - só em duas ocasiões um deles não foi campeão -, jamais o Campeonato Português havia visto algo como o que acontece na temporada 2013/14. Pela primeira vez na história, a principal competição portuguesa vira o ano com três clubes dividindo a liderança em igualdade pontual. Sporting, Porto e Benfica, nesta ordem - pelos critérios de desempate -, somam 33 pontos. Situação que nunca tinha acontecido nas 79 edições anteriores do torneio - que é disputado desde 1934/35 - e que evidencia o campeonato mais equilibrado de todos os tempos.

A temporada 2013/14 do Português chega ao dia 31 de dezembro com 14 de suas 30 rodadas disputadas. A bola ainda rola em Portugal antes da virada do ano, neste fim de semana. Com direito, inclusive, a um escaldante Sporting x Porto. Os jogos, contudo, são válidos pela Copa da Liga, terceira competição do país. A última rodada do Campeonato antes do réveillon aconteceu no fim de semana passado. O Sporting tinha tudo para virar o ano isolado na liderança - fato que aconteceu apenas uma vez nos últimos 30 anos, em 2001/02. Os Leões, porém, tropeçaram em casa, frente o Nacional. E vão ter que romper o ano com os dois grandes rivais - Porto e Benfica - lado a lado no topo da classificação.

Para encontrar um fim de ano quase tão equilibrado como o da atual temporada, é preciso recuar nove anos no tempo, até a época 2004/05. Naquela ocasião, o Porto virou o ano isolado na liderança com 29 pontos, porém apenas um ponto à frente dos rivais lisboetas Sporting e Benfica, que somavam 28. Recuando ainda mais, chega-se à década de 1960. Na temporada 1962/63, foi o Benfica que rompeu o ano líder isolado, com 15 pontos, um a mais que Sporting e Porto.

Ainda há outros exemplos de fins de ano equilibrados. Como em 1986/87, quando Porto e Benfica viraram o ano com 25 pontos, tendo o Vitória de Guimarães logo atrás, com 24. Fato que já havia ocorrido em 1979/80, com Sporting e Porto dividindo o primeiro lugar com 23 pontos e o Benfica na sequência, com 22. Porém, três clubes rompendo o ano na liderança, só mesmo em 2013/14, depois de 80 anos de campeonato.

Dois clubes na liderança em 10 ocasiões

Entre as temporadas 1934/35 e 1942/43, o Campeonto Português só se iniciava depois do Ano Novo. É que o calendário do futebol lusitano dava espaço aos campeonatos regionais na primeira metade da época. De 1943/44 para cá, foram 70 os campeonatos nacionais que se iniciaram antes do Ano Novo. E apenas em 10 ocasiões duas equipes chegaram ao dia 31 de dezembro empatadas na liderança. Fato que aconteceu, inclusive, nos dois últimos campeonatos, com Porto e Benfica dividindo a liderança em 2011/12 e 2012/13.

O Porto é o recordista de lideranças divididas ao fim do ano: foram nove. Cinco delas foram divididas com o Benfica, e o Porto se deu melhor em três ocasiões. As outra quatro foram com o Sporting. Nessa, o sportinguistas levam a melhor: 3 a 1.

A única vez em que o Português virou o ano com dois times empatados na liderança sem que o Porto estivesse envolvido aconteceu em 2009/10, com Benfica e Braga. Os encarnados foram campeões ao fim da temporada. Ou seja, esta é a primeira vez que os dois grandes de Lisboa - Benfica e Sporting - viram o ano em igualdade pontual no topo da tabela. Sendo que, desta vez, têm o Porto a tiracolo.

1956/57
Porto 26
Benfica 26

1957/58
Sporting 27
Porto 27

1967/68
Benfica 18
Porto 18

1968/69
Benfica 21
Porto 21

1979/80
Sporting 23
Porto 23

1986/87
Porto 25
Benfica 25

1994/95
Porto 26
Sporting 26

2009/10
Benfica 33
Braga 33

2011/12
Porto 33
Benfica 33

2012/13
Benfica 32
Porto 32

Porto e Benfica mais vezes isolados

Virar o ano na liderança do campeonato é o que na Europa se chama de “campeão de inverno”. Na história do Português, Porto e Benfica lideram essa estatística. Os dois maiores rivais foram campeões de inverno 22 vezes cada. Os portistas terminaram como campeões nacionais em 16 ocasiões, contra 15 dos benfiquistas. Nos últimos 30 anos, o Porto virou o ano 19 vezes isolado na liderança. O Sporting, que só uma vez foi líder isolado nas últimas três décadas, foi 14 vezes campeão de inverno (em 12 delas se sagrou campeão português).

Porto
1951/52, 1955/56, 1974/75, 1984/85, 1987/88, 1989/90, 1990/91, 1991/92, 1992/93, 1995/96, 1996/97, 1997/98, 1998/99, 1999/00, 2000/01, 2002/03, 2003/04, 2004/05, 2005/06, 2006/07, 2007/08, 2010/11

Benfica
1944/45, 1953/54, 1954/55, 1958/59, 1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1971/72, 1972/73, 1977/78, 1978/79, 1980/81, 1982/83, 1983/84, 1985/86, 1988/89, 1993/94, 2008/09, 2012/13

Sporting
1943/44, 1947/48, 1948/49, 1949/50, 1950/51, 1952/53, 1961/62, 1965/66, 1969/70, 1970/71, 1973/74, 1976/77, 1981/82, 2001/02



Somente duas vezes o campeão de inverno não foi um dos três grandes. O Belenenses foi o primeiro a romper, em 1945/46, ano de seu único título português. O Boavista repetiu o feito 30 anos depois, em 1975/76, porém perdeu o título nacional para o Benfica, por dois pontos.

1945/46
Belenenses

1975/76
Boavista

Campeão de inverno não é sinônimo de título
Considerando os 70 campeonatos que começaram antes do Ano Novo, a equipe que liderava a na virada do ano, venceu 53 dessas edições.

75%
dos campeões de inverno se sagraram campeões nacionais

Equilíbrio na Inglaterra e na Espanha


Três clubes dividindo a liderança, no futebol europeu, apenas em Portugal. Porém, outros dois campeonatos nacionais também estão bastante equilibrados. Na Inglaterra, Liverpool e Arsenal lideram a Premier League com 36 pontos e apenas dois pontos separam os líderes do Everton, quinto colocado. Já na Espanha, Barcelona e Atlético de Madri lideram La Liga com 46 pontos, cinco à frente do Real Madrid.

Inglaterra
Liverpool 36
Arsenal 36
Man City 35
Chelsea 34
Everton 34

Espanha
Barcelona 46
Atlético de Madri 46 

O tradicional Boxing Day

Nem o frio do rigoroso inverno britânico, nem as festas de fim de ano fazem com que a bola pare de rolar na Inglaterra. 26 de dezembro é uma data especial. Dia de rodada cheia na Premier League. Data em que os ingleses celebram o Boxing Day.



Fim de ano é sinônimo de recesso no futebol europeu. Período de celebrações - Natal e Ano Novo - e muito frio, tudo conspira para que a bola fique parada e as arquibancadas vazias. É uma época em que jogadores e, também, torcedores curtem as festas com suas famílias. Menos em um país. Isolado da Europa Continental pelo Mar do Norte e Canal da Mancha, o arquipélago das Ilhas Britânicas não está separado do Velho Continente apenas geograficamente. Na Inglaterra, ao contrário do restante do continente, fim de ano é sinônimo de futebol. Muito futebol. Na terra da rainha, a bola não tem descanso. Hoje, a Premier League tem rodada completa no tradicional Boxing Day. E não fica por aí. Ainda tem a rodada do New Year’s Day e o primeiro sábado do ano, que é da terceira eliminatória da Copa da Inglaterra.

Há controvérsias quanto à origem do Boxing Day no Reino Unido. São três os fatos históricos que podem ter dado início à tradição secular nas Ilhas Britânicas. Certo é que a tradicional celebração do dia 26 de dezembro evoluiu do seu caráter beneficente para uma extensão do Natal. Feriado na Inglaterra desde 1871, o Boxing Day é, atualmente, uma data em que as famílias se reúnem para comprar o que sobrou dos estoques das lojas - a preços mais convidativos - e também para comerem as sobras do Natal. Os apaixonados por esportes aproveitam para levar a família aos mais diversos eventos, das mais diversas modalidades.

No futebol, a origem do Boxing Day tem uma data exata: 26 de dezembro de 1860. Na ocasião, o estádio Sandygate Road foi palco da primeira partida interclubes da história moderna do esporte, protagonizada por Sheffield FC e Hallam FC. Graças àquele jogo vencido pelo Sheffield por 2 a 0, a data se transformou em uma das mais marcantes e tradicionais do futebol inglês, estabelecida desde a temporada inaugural do Campeonato Inglês, em 1888/89.

Por ser uma data especial, os 10 jogos da rodada Premier League acontecem hoje. Dentro do espírito festivo do dia, é comum ver, em todos os estádios, torcedores fantasiados de papais noéis. A bola começa a rolar às 12h45 local (9h45 no Recife), com Hull City x Manchester United. Tradicionalmente, a Liga procura marcar jogos entre clubes da mesma cidade e região, a fim de evitar que os torcedores precisem viajar longos trajetos. A capital, Londres, verá seus quatro maiores clubes jogarem em casa, incluindo um dérbi entre West Ham e Arsenal.

Clássico encerra o dia

Fechando o dia de festa, o grande clássico da rodada, em jogo que pode valer a liderança. Às 14h30 (horário do Recife), Manchester City e Liverpool se enfrentam no City of Manchester Stadium. Apenas um ponto separa os dois clubes. O Liverpool lidera a competição - ao lado do Arsenal - com 36 pontos, enquanto o City vem logo atrás com 35. Esta partida colocará frente a frente os dois melhores ataques e o artilheiro e vice-artilheiro da Premier League. Os Citizens já balançaram as redes adversárias 51 vezes e os Reds 42. O uruguaio Luis Suárez, do Liverpool, marcou 19 gols, seguido pelo argentino Kun Agüero, do City, com 13.

Jogos

9h45
Hull City x Man United

12h
Aston Villa x Crystal Palace
Cardiff x Southampton
Chelsea x Swansea City
Everton x Sunderland
Newcastle x Stoke City
Norwich x Fulham
Tottenham x West Bromwich
West Ham x Arsenal

14h30
Manchester City x Liverpool

As origens do Boxing Day

O presente de natal, no Reino Unido, é conhecido por “Christmas Box” (caixa de Natal). A partir da ideia de caixa, surgem três versões para a origem do Boxing Day.

- O Boxing Day era o dia livre dos empregados, data em que recebiam dos patrões seus “Christmas Box” (caixas de Natal). Os empregados tiravam o dia para irem para casa, visitarem suas famílias e levavam as caixas de Natal.

- Caixas (“box”) eram colocadas em igrejas em todo o país no dia de Natal, a fim de coletar doações para os pobres. As caixas eram abertas no dia seguinte, 26 de dezembro.


- Grandes navios, quando iam zarpar viagem, levavam uma caixa com dinheiro a bordo para dar sorte. Se a viagem era bem sucedida, era doada a um padre no retorno e aberta no dia de Natal para distribuir seu conteúdo aos pobres.

sábado, 21 de dezembro de 2013

O sonho de um povo defronta o gigante alemão



Mais do que um mero adversário, o poderoso Bayern de Munique tem pela frente toda uma nação na final do Mundial de Clubes, afinal, o Raja Casablanca não é “a voz do povo” por acaso

Inaugurado em 2011, o Estádio de Marrakech, no Marrocos, será palco de uma festa da pesada. A partir das 16h30 (horário do Recife), Bayern de Munique e Raja Casablanca disputam a surpreendente final do Mundial de Clubes da FIFA. Neste sábado, o Raja tentará fazer o que muitos acreditam ser impossível. Bater o todo poderoso Bayern, campeão de tudo o que disputou em 2013, e ser o primeiro clube fora da Europa e América do Sul a se sagrar campeão do mundo. Os gigantes alemães, por seu turno, campeões em 1976 e 2001, podem levar o terceiro troféu para sua rica galeria.

Um dos clubes mais populares do Marrocos, o Raja conta com o apoio de todo o país - até mesmo das torcidas rivais. Sua origem, em 1949, como um dos símbolos do movimento nacionalista do país, tornou o alviverde o baluarte dos desejos da população. Não por acaso, é conhecido até hoje como Vox Populi - a voz do povo. O técnico Faouzi Benzarti é conhecido por sua filosofia de futebol ofensiva. Diante do timaço comandado por Pep Guardiola, entretanto, não é de se esperar um Raja tão aberto. Faouzi, contudo, aposta no fato de ser o azarão da competição para tentar surpreender os alemães. “A pressão está sobre o adversário, não sobre nós. Esperamos ter sucesso nesta maravilhosa partida e conquistar o título."


Campeonato Alemão, Copa da Alemanha, Liga dos Campeões e Supercopa da Europa. Os quatro títulos conquistados pelo Bayern em 2013. Para fechar o ano glorioso com chave de ouro, falta apenas o Mundial. Pep Guardiola, duas vezes campeão do mundo com o Barcelona, pode igualar o argentino Carlos Bianchi como o treinador com mais títulos. Experiente, o catalão espera concentração total de seus comandados, principalmente frente a um adversário que representa um país. “Nós não só vamos jogar contra um time, mas contra todo um país. Temos de jogar com nossos corações, nossas mentes e determinação. Temos de mostrar tudo isso se quisermos vencer”, alertou.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entenda quais são os critérios e como funciona o ranking de seleções da Fifa

Arte retirada do site ESPN.com.br

A Fifa definiu nesta terça-feira (3) os potes para o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014, que será realizado na sexta-feira (6). O pote 1 - o dos cabeças-de-chave - já estava definido desde o começo de novembro, quando a entidade máxima do futebol havia confirmado que levaria em conta o seu ranking de seleções do mês de outubro. Portanto, os sete primeiros colocados mais o país-sede, Brasil (11º na altura), seria os oito componentes do pote 1. Seleções tradicionais como a atual vice-campeã mundial Holanda e a tetracampeã Itália ficaram de fora. Enquanto selecionados menos expressivos como Bélgica, Colômbia e Suíça surgiam no pote de elite. Tal fato fez com que as recorrentes críticas ao ranking da Fifa se intensificassem. Mas, afinal, como funciona esse ranking e quais são os seus critérios?

Primeiro, é preciso esclarecer que a Fifa leva em consideração para o ranking um período que corresponde ao ciclo da Copa do Mundo, que acontece a cada quatro anos. Portanto, somente os resultados dos últimos quatro anos são considerados, com ênfase na pontuação adquirida no último ano. Se uma seleção vence ou empata um jogo, somará pontos. Se perde, logicamente, ganha nada e vê sua pontuação média cair ainda mais.

A Fifa, entretanto, adota critérios para que uma vitória sobre a Zâmbia tenha menos peso do que uma vitória sobre a campeã do Mundo, Espanha. A pontuação varia de acordo com o adversário e a que continente pertence, se se trata de um amistoso, jogo de Eliminatórias (para a Copa do Mundo ou torneio continental), Copa das Confederações ou Copa continental e, por fima, Copa do Mundo.

O líder do ranking, por exemplo, vale 200 pontos e a pontuação vai baixando ponto a ponto até o 150º em diante, que valem todos 50 pontos. Da mesma forma, uma selelção da Europa ou América do Sul valem mais (2,5) e, logicamente, partida de Copa do Mundo é mais valorizada (4), enquanto amistoso tem apenas peso 1. Vitória tem peso 3 e empate peso 1.

Por essa razão, disputar amistosos contra Zâmbia, Bolivia, Chile, Austrália e Honduras - como o Brasil fez em 2013 -, ao mesmo tempo em que não disputou as Eliminatórias por ser país-sede, contribuíram diretamente para a má posição da Seleção Brasileira no ranking. Mas não é apenas o caso do Brasil. Vejamos como funciona o cálculo e mostraremos como seleções tradicionais poderiam ser cabeças-de-chave, bastava não terem disputado certos amistosos.

Cálculo: P = R x I x S x C

P: pontuação no ranking

R: resultado do jogo - vitória (3), empate (1), derrota (0)

I: importância do jogo - Copa do Mundo (4); Copa das Confederações ou principal torneio de cada confederação (3); eliminatórias para Copa do Mundo ou para os torneios de cada confederação (2,5); amistosos internacionais (1)

S: peso da seleção - 1º do ranking representa 200 e assim sucessivamente até a posição 150º (50) e todas as seleções abaixo também 50

C: peso do continente - Europa/América do Sul (1); América do Norte, Central e Caribe (0,88); Ásia/África (0,86); Oceania (0,85).


Brasil
Vamos, então, a um exemplo com a Seleção Brasileira. Vencer a Zâmbia por 2 a 0, no dia 15 de outubro, valeu: 3 (R - vitória) x 1 (I - amistoso) x 129 (S - 200 - 71, posição da Zâmbia) x 0,86 (C - seleção da África) = 332,82 (P). O Brasil, em outubro, ficou na 11ª posição, com 1.078 pontos, caindo três posições em relação a setembro.

P = 3 x 1 x 129 x 0,86 - 332,82

Logicamente, somar 332,82 contra Zâmbia contribuiu para a queda brasileira, já que o ranking leva em conta a pontuação média. A propósito, se não se levassem em consideração os amistosos, o Brasil seria o segundo do ranking - 2.012 pontos - atrás apenas da Espanha.

Holanda e Itália
Conhecendo melhor como funciona o ranking da Fifa, passamos a ver como é importante que cada Federação nacional saiba escolher os amistosos que sua seleção disputará. Bem como os treinadores devem mostrar aos jogadores que, mesmo sendo amistoso, eles devem se empenhar ao máximo, pois cada jogo conta para o ranking, que, no fim de um ciclo de Copa do Mundo, poderá ser determinante para a definição dos cabeças-de-chave do sorteio dos grupos do Mundial.

Holanda

Atual vice-campeã mundial, a Holanda ocupou o oitavo lugar no ranking da Fifa, ficando de fora do pote 1 porque o Brasil, país-sede, foi o 11º e era, obrigatoriamente, um dos cabeças-de-chave. Na Holanda, muitos torcedores culpam o empate com a Estônia, quando a seleção já estava garantida no Mundial, como responsável pela exclusão da Laranja do pote 1. Mas se recuarmos até junho, encontraremos dois amistosos que ajudam a compreender porque a Holanda ficou uma posição atrás da Suíça.

Em junho, a Holanda enfrentou China (93º) e Indonésia (162º). Os holandeses venceram, respectivamente, por 2 a 0 e 3 a 0. Porém, somaram apenas 276,06 e 129 pontos. Dois amistosos que, certamente, renderam bons contratos para a Federação Holandesa, porém foram determinantes para que a Holanda não fosse uma cabeça-de-chave da Copa do Mundo e, assim, corra o risco de ficar em um grupo da morte.

Itália

Falou-se bastante que o empate com a Armênia nas Eliminatórias teria custado aos italianos a vaga no pote 1. Porém, amistosos com Haiti e San Marino minaram a pontuação média da Itália. Empatar em 1 a 1 com o Haiti, 73º no ranking, rendeu míseros 109,22 pontos à Azzurra. Não fossem esses amistosos, e a Itália teria cerca 1.160 pontos e ficaria à frente da Suíça no ranking de outubro.

Como seria o ranking sem amistosos? 
Abaixo, apresento dois rankings. O de outubro, com os amistosos, e como ficaria a lista sem as partidas amistosas. Holanda, Itália e Chile seriam cabeças-de-chave, enquanto Suíça, Uruguai e Colômbia ficariam de fora do seleto grupo.

Ranking de outubro
1. Espanha 1.513
2. Alemanha 1.311
3. Argentina 1.266
4. Colômbia 1.178
5. Bélgica 1.175
6. Uruguai 1.164
7. Suíça 1.138
8. Holanda 1.136
9. Itália 1.136
10. Inglaterra 1.080

Ranking sem amistosos
1. Espanha 2.127
2. Brasil 2.012
3. Alemanha 1.902
4. Argentina 1.727
5. Holanda 1.652
6. Itália 1.641
7. Bélgica 1.590
8. Chile 1.577
9. Suíça 1.471

10. Uruguai 1.433

Futebol, violência e abuso de autoridade

Charge de Carlos Latuff, retirada da internet


Tem dado o que falar o vídeo em que membros da torcida Inferno Coral são obrigados, por Policiais Militares, a cantar o grito de guerra do Sport e a gritar o nome do clube rival. Antes de mais nada, preciso registrar minha indignação ao ver tantas pessoas gargalhando com as imagens de inequívoco abuso de autoridade. Para não falar do sentido de justiça deturpado pela sede de vingança, com várias pessoas aplaudindo tal atitude arbitrária.

O tratamento por parte de agentes da Polícia Militar do Estado de Pernambuco é repugnante! Independentemente da minha opinião acerca das torcidas organizadas e dos atos de vandalismo e outros possíveis crimes que estivessem cometendo no momento em que foram detidos, jamais poderia concordar com a forma como foram humilhados publicamente pelos agentes da autoridade, representantes do Estado.

A função do Policial Militar é deter o indivíduo e levá-lo à autoridade policial. E enquanto o indivíduo (ou um grupo, como no caso da torcida organizada) estiver sob a tutela do Policial, está, na realidade, sob a tutela do Estado, que tem o dever de proteger suas integridades física e moral.

É inaceitável, em um Estado Democrático de Direito, que se aceite atos de violência física e moral por parte de agentes da autoridade do Estado - Policiais Militares. Simplesmente inadmissível!

Que os vândalos respondam por aquilo que lhes caibam - seus atos de vandalismo. Que o Estado faça valer a lei e instaure o devido processo legal. Mas, jamais se pode aceitar que um agente do Estado humilhe um cidadão - seja ele criminoso ou não.

A evolução civilizacional nos afastou de nossos desejos mais animalescos, da nossa sede por vingança. O Estado existe para isso. E é sempre deplorável e lamentável ver agentes da autoridade estatal agirem ao arrepio da lei. O vandalismo da torcida organizada não justifica o vandalismo do Estado.

Cada um desses torcedores humilhados pode, sim, acionar o Estado de Pernambuco e demandar uma indenização por danos morais. Afinal, o Policial nada mais é que um agente do Estado. Do Governo do Estado de Pernambuco.

Enfim, quem dera esta fosse a última das várias demonstrações de abusos de autoridade das quais a nossa sociedade é vítima constantemente neste país.


PS. Não, eu não estou defendendo os atos de vandalismo das torcidas organizadas. Acho que cada vândalo deve responder por seus atos e defendo que as torcidas - como instituições que são - devem ser responsabilizadas civilmente pelos danos causados por seus membros. Que isso fique bem claro. Mas é o popular "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".

Acabou o gás da Roma?



O início de campeonato italiano da Roma foi surpreendente. Nem o mais otimista dos Giallorossi esperava por um começo tão implacável. Nas 10 primeiras rodadas da Serie A, a Roma esteve imparável. No dia 31 de outubro, o clube da capital bateu o Chievo por 1 a 0, no Estádio Olímpico, e atingiu um feito histórico. Aquela tinha sido a 10ª vitória romanista consecutiva em dez rodadas. Com o triunfo, a equipe Giallorossa estabeleceu o recorde de melhor início de campeonato na história do futebol italiano, superando as nove vitórias da Juventus em 2005/06. Naquela altura, o time comandado pelo francês Rudi Garcia chegara a 30 pontos, abrindo cinco de vantagem sobre o Napoli e a Vechia Signora.

Nas últimas quatro rodadas, porém, a Roma parece ter perdido o gás. Ou, pelo menos, o ímpeto avassalador que demonstrara no início do campeonato. A equipe da capital continua invicta - a única na Serie A -, mas não vence desde o dia 31 de outubro, quando estabeleceu o novo recorde no futebol italiano. Foram quatro empates consecutivos, dois deles em casa. Depois de empatar em 1 a 1 com Torino e Sassuolo e 0 a 0 com o Cagliari, na última rodada foi a Bérgamo empatar em 1 a 1 com a Atalanta.

Os quatro tropeços consecutivos, custaram a liderança à Roma. A Juventus, atual bicampeã italiana, aproveitou para assumir a liderança. Com o triunfo arrancado aos 46 do segundo tempo diante da Udinese no último fim de semana, a Vecchia Signora abriu três pontos de vantagem sobre os Giallorossi. Vale ressaltar a reviravolta da bianconera, que, em quatro rodadas, somou oito pontos a mais que a Roma, transformando uma desvantagem de cinco pontos em vantagem de três.  A Juventus consolida, assim, sua caminhada rumo ao tricampeonato, feito que não alcança desde 1933 (que ainda se tornaria no histórico pentacampeonato em 1935).

Top 5
Clube P J V E D
Juventus 37 14 12 1 1
Roma 34 14 10 4 0
Napoli 31 14 10 1 3
Inter 27 14 7 6 7
Fiorentina 27 14 8 3 3

Artilheiro

Giuseppe Rossi 12

domingo, 1 de dezembro de 2013

Athletic Bilbao x Barcelona: Muito mais que um jogo



Desde que o Campeonato Espanhol foi instituído, na temporada 1928/29, apenas três clubes estiveram presentes em todas as edições da Primeira Divisão. Real Madrid, Barcelona e Atlhetic Bilbao são os recordistas. Os únicos que jamais caíram de divisão. Não por acaso, são, também, os maiores campeões do futebol espanhol (lista a que se junta o Atlético de Madri). Mas não é apenas a tradição nas competições internas que torna o clássico Athletic vs. Barcelona um confronto especial. Quando entram em campo, estes dois clubes deixam de ser meros times de futebol. Envergam, em suas camisas, o orgulho de dois povos. Uma partida entre Athletic e Barça é muito mais que um jogo, trazendo consigo um simbolismo enorme. Ambos são verdadeiros ícones. São dois grandes símbolos das resistências nacionalistas do País Basco e da Catalunha. Um confronto entre Leones e Culés é o expoente máximo da resistência de dois povos que não se conformam e se recusam a se subjugarem ao poder central espanhol. Às 16h (horário do Recife) de hoje, no Novo San Mamés, Athletic e Barcelona escrevem mais um capítulo desta história centenária.

Em sua terceira passagem como treinador do Athletic, Ernesto Valverde reassumiu os bascos para substituir o argentino Marcelo Bielsa. Mas antes do início da temporada 2013/14, Valverde teria, supostamente, rejeitado uma oferta do Barcelona - os catalães ainda não haviam contratado o argentino Tata Martino. Já comprometido com o clube bilbaíno, onde jogou nos anos 1990, Valverde se manteve fiel ao projeto traçado junto com a diretoria do Athletic e disse não ao todo poderoso Barça.

O experiente técnico, três vezes campeão grego com o Olympiakos, tem conduzido os Leones em uma campanha consistente. Atualmente, a equipe ocupa a quinta colocação, na perseguição direta ao Villareal, quarto colocado, na briga pela última vaga espanhola na Liga dos Campeões. De fora das competições europeias, o Athletic tem se concentrado no Espanhol e só perdeu uma vez nas últimas oito partidas. A derrota aconteceu na 12ª rodada, frente ao Atlético de Madrid, e desde então acumula duas vitórias. Em casa, no recém-inaugurado “Novo” San Mamés - palco do confronto de hoje -, os bascos ainda não conhecem o sabor da derrota. Em sete jogos, foram cinco vitórias e dois empates.

Sólida é a trajetória do Barcelona no Espanhol. Os azuis e grená lideram a competição de forma invicta, com 13 vitórias e apenas um empate, ao fim de 14 rodadas. Derrotado pelo Ajax, na última terça-feira (26), em jogo válido pela Liga dos Campeões, o Barça vai a Bilbau disposto a fazer com que o Athletic pague a fatura pela perda de invencibilidade na Champions. O técnico Tata Martino, que disse que o time precisa refletir acerca de suas oscilações na temporada, ainda não poderá contar com Messi, que segue em tratamento de lesão na coxa. Mais uma oportunidade para que Neymar tente vicar seu espaço no time catalão.

Os reis de Copas
O Real Madrid continua sendo o maior campeão espanhol de todos os tempos - 32 títulos, contra 22 do Barcelona e oito do Athletic. Mas quando o assunto é Copa do Rei, o segundo torneio nacional da Espanha, são catalães e bascos que dominam o cenário. Até 1998, o Athletic tinha mais Copas, com 24 conquistas. Feito igualado pelo Barcelona naquele ano. Na temporada 2008/09, as duas equipes se enfrentaram na grande final, no jogo que ficou marcado pela definição de qual clube seria coroado o “Rei de Copas”. Antes da bola rolar, bascos e catalães, que lotavam o estádio Mestalla, em Valência, vaiaram em uníssono o hino espanhol. No jogo, o Barcelona venceu, de virada, por 4 a 1 e tomou o posto de maior campeão de Copas.

Em 2012, nova decisão da Copa entre os dois clubes. E, mais uma vez, a final foi marcada por protestos. Primeiro, pelo local escolhido. O estádio Santiago Bernabéu, em Madri. Barcelona e Athletic se recusavam a jogar no campo do Real Madrid, clube que sempre foi associado ao centralismo do fascismo de Franco. A Federação manteve o jogo na capital do Reino espanhol, porém alterou o local do jogo para o Vicente Calderón, do Atlético. Nas redes sociais, foram compartilhadas imagens com as bandeiras basca e catalã, um apito com o símbolo de proibição à coroa e escrito, nas duas línguas: “Bascos/Catalães não têm rei”.

No dia da final, já dentro do estádio, bascos e catalães mais uma vez se uniram. Os torcedores do Athletic levaram ikurriñas, bandeiras da Euskal Herria, e os aficionados do Barcelona levaram a senyeras, bandeiras da Catalunya. O objetivo era demonstrarem seus sentimentos nacionalistas. Com a bola rolando, nova vitória do Barça - 3 a 0 - e os Culés se consolidaram como “Reis de Copas”, com 26 títulos, dois a mais que os bascos.

Principais títulos

Barcelona

4
ligas dos campeões

2
mundiais de clubes

22
campeonatos espanhóis

26
copas do rei

Athletic

8
campeonatos espanhóis

24
copas do rei

Histórico de confrontos

194
jogos

95
vitórias do Barcelona

31
empates

68
vitórias do Athletic

Confrontos em Bilbau
98
jogos

49
vitórias do Athletic

20
empates

29
vitórias do Barcelona

3 anos
última vitória do Barcelona em Bilbau

7 anos
última vitória do Athletic sobre o Barcelona



O novo San Mamés

7
jogos

5
Vitórias do Athletic

2
empates

14
gols marcados pelo Athletic

7

gols sofridos pelo Athletic