sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A volta da razão

Hoje, o Bayern de Munique enfrenta o Borussia Mönchengladbach na abertura da Bundesliga 2013/14. A edição de hoje do Superesportes traz uma matéria sobre o campeonato alemão, apresentando números sobre a liga e destacando alguns craques da competição. Publico o texto original, sem edição.

Caetano Veloso escreveu, na canção “Língua”, que "está provado que só possível filosofar em alemão". Exagero por parte do baiano, expoente do tropicalismo? É uma afirmação questionável, sem dúvida. O que não se coloca em questão, contudo, é a capacidade única do planejamento, algo intrínseco à cultura alemã. Em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, o intelectual alemão Max Weber afirmou que o sistema capitalista moderno está diretamente ligado ao avanço do racionalismo. Racionalidade. Organização racional do trabalho e da produção. No futebol, que é, ao mesmo tempo, parte da organização social e representação social, os alemães não poderiam ser diferentes. A decadência dos fins dos anos 1990, levou o futebol alemão à uma mudança estrutural em seu modelo na formação de atletas. Ao fim de uma década de trabalhos, começa a colher seus frutos. A Bundesliga, que se inicia hoje, reúne 17 dos habituais 23 jogadores que atuam na seleção nacional.

Em 2004, a Bundesliga assumiu o controle das negociações dos direitos de transmissão televisiva do campeonato nacional. A falência do até então todo poderoso grupo Kirch serviu de estopim para uma mudança de paradigma na questão financeira. Com as negociações coletivas, as receitas televisivas passaram a ser divididas de forma isonômica entre todos os clubes - 75% para a primeira divisão e 25% para a segunda. Como parte da reformulação do futebol no país, a Bundesliga criou um caderno de encargos, no qual se previa o investimento nas categorias de base. Em quase uma década, os clubes investiram cerca de R$ 1,8 bilhão na formação de atletas.

Como consequência de todo este trabalho, atualmente, Bayern de Munique e Borussia Dortmund - finalistas da última edição da Liga dos Campeões - são a base da seleção alemã. Dos 23 jogadores que compõem o elenco principal, oito são do Bayern e cinco do Dortmund, sendo cinco titulares dos bávaros e três dos aurinegros. No total, 17 atletas atuam no futebol alemão. Reflexo da força da Bundesliga e da renovação do futebol germânico.

Clássico dos anos 1970
Maior e atual campeão alemão, o Bayern de Munique faz o jogo inaugural da competição hoje. O clube agora comandado pelo catalão Pep Guardiola recebe, às 15h30 (horário de Brasília), na Allianz Arena, o Borussia Mönchengladbach. Atualmente intermediário, o M’gladbach foi o grande rival dos bávaros nos anos 1970, tendo, inclusive, conquistado um título nacional alemão a mais no período: 5 x 4. Bayern e M’gladbach foram a base da seleção alemã campeã do Mundo em 1974. Esses tempos, porém, ficaram no passado. Para a primeira partida da Bundesliga, não é de se esperar que o Bayern das estrelas Neuer, Lahm, Badstuber, Schweinsteiger, Thomas Müller, Götze, Ribéry e Robben encontre dificuldades para alcançar a vitória.

Números

17
jogadores da seleção alemã atuam na Bundesliga

230
jogadores estrangeiros

45,5%
percentual de estrangeiros na Bundesliga

156
jogadores que atuam por seleções

18 de 18
clubes com jogadores de seleções

24,5 anos
média de idade dos jogadores

€ 215 milhões
valor gasto pelos 18 clubes da Bundesliga em contratações

€ 62 milhões
valor gasto pelo Bayern de Munique em contratações

€ 50 milhões
valor gasto pelo Borussia Dortmund em contratações

€ 37 milhões
maior transferência da Bundesliga 2013/14, pagos pelo Bayern por Götze

1ª rodada

09/08
15h30 Bayern de Munique x Borussia Mönchengladbach
10/08
10h30 Bayer Leverkusen x Freiburg
10h30 Hannover x Wolfsburg
10h30 Hoffenheim x Nürnberg
10h30 Augsburg x Borussia Dortmund
10h30 Hertha Berlim x Frankfurt
13h30 Braunschweig x Werder Bremen
11/08
10h30 Mainz 05 x Stuttgart
12h30 Schalke 04 x Hamburgo

Maiores campeões

Bayern de Munique    23
Nürnberg    9
Borussia Dortmund    8
Hamburgo    7
Schalke 04    7

Seleção Alemã e a Copa do Mundo
A Alemanha pode carimbar seu passaporte para o Brasil já na próxima rodada dupla das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2014, que acontece em setembro. Líder do grupo C com 16 pontos (cinco vitórias e um empate), a seleção germânica tem cinco pontos de vantagem sobre Áustria, Suécia e Irlanda, que brigam pelo segundo lugar. Se vencer a Áustria e as Ilhas Faroe, nos dias 6 e 10 de setembro, e houver empate no Irlanda x Suécia ou a Irlanda bater a Suécia e depois tropeçar com a Áustria, os alemães se garantem no Mundial com duas rodadas de antecedência.

Eles vão para a Copa?

Manuel Neuer
Um dos melhores goleiros do mundo e com a Alemanha com o passaporte quase carimbado para a Copa, o alemão do Bayern de Munique é figura certa para defender as redes teutônicas pelos estádios brasileiros em 2014.

Philipp Lahmn
O lateral direito de 29 anos é uma das figuras centrais não só do seu time, Bayern de Munique, mas também da seleção alemã. Não por acaso, é capitão de ambas as equipes. Estará no Brasil em 2014.

Arjen Robben
Atual vice-campeã mundial, a Holanda deve ser a única seleção europeia a se garantir matematicamente na Copa do Mundo na rodada do dia 6 de setembro. Garantindo, assim, a presença do ponta direita do Bayern no Brasil.

Franck Ribéry
Se o Bayern ganhou tudo o que disputou na temporada passada, conquistando a inédita tríplice coroa, muito se deve ao talento do ponta esquerdo francês. Mas para ser uma das estrelas da Copa, Ribéry tem que ajudar a França a garantir sua vaga.

Marco Reus
O jovem meia-atacante de 24 anos tem se tornado cada vez mais não apenas destaque do Borussia Dortmund, mas também da seleção alemã. Tendo estreado pela seleção apenas em outubro de 2011, Reus já marcou sete gols em 15 partidas.

Robert Lewandowski

Nome forte do Dortmund, o polonês terá trabalho duro para vir ao Mundial. A Polônia ocupa apenas a quarta posição do grupo H. Os poloneses, entretanto, têm chances, com três confrontos diretos, além de pegarem a fraquíssima San Marino.

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