sábado, 25 de maio de 2013

O futebol é o grande campeão

Bayern de Munique e Borussia Dortmund fazem a final da Liga dos Campeões às 15h45 de hoje, no estádio de Wembley, em Londres. Independentemente de qual time levantar o troféu, o grande campeão é o futebol. Premiado com uma final alemã, fazendo justiça à organização e ao controle financeiro da Bundesliga, um exemplo para o mundo futebolístico.

O estádio de Wembley, em Londres, foi escolhido como palco da final da Liga dos Campeões da temporada 2012/13 como uma homenagem da UEFA à Football Association (FA), primeira associação de futebol do mundo. Contudo, no ano em que a Federação Inglesa celebra 150 anos de existência, o mítico estádio britânico sediará uma festa do futebol alemão. Bayern de Munique e Borussia Dortmund disputam, a partir das 15h45, o título europeu. Esta será a quarta decisão entre clubes do mesmo país. Entretanto, independentemente do campeão, Wembley será palco da celebração da vitória do futebol. Do esporte em sua essência. De uma liga de futebol organizada e financeiramente equilibrada. A consagração da busca pela competitividade em respeito ao tão proclamado, porém pouco respeitado, espírito esportivo.

Para chegarem à grande decisão de hoje, Bayern e Dortmund atropelaram a dupla de ferro espanhola Barcelona e Real Madrid nas semifinais. Os bávaros aplicaram duas goleadas: 4 a 0 na partida de ida, na Allianz Arena; e 3 a 0 em pleno Camp Nou, fazendo cair, definitivamente, a imagem de melhor time do mundo da atual geração catalã. O Dortmund também goleou na partida de ida, em casa, fazendo 4 a 1, com show do atacante polonês Lewandowski. Na volta, no Bernabéu, os alemães perderam por 2 a 0, com dois gols marcados já na segunda metade do segundo tempo, muito mais pela pressão momentânea do que pela construção coletiva do futebol merengue, que não existiu em toda a eliminatória.

Além do passeio na fase semifinal, os dois clubes realizaram sólidas campanhas ao longo de toda a Liga dos Campeões. O Bayern foi líder do grupo F, com quatro vitórias, um empate e uma derrota. Depois, eliminou Arsenal e Juventus, antes de massacrar o Barcelona. Já o Dortmund, venceu invicto o grupo D, o chamado grupo da morte que tinha Real Madrid, Manchester City e Ajax, a única chave que tinha quatro campeões - foram quatro vitórias e dois empates. Nos mata-matas, derrubou Shakhtar Donetsk e Málaga, antes de voltar a se dar melhor sobre o Real Madrid.

A expectativa para a final é de uma grande partida entre as duas maiores forças do futebol germânico. Bayern e Dortmund são a base da atual seleção alemã. Dos 23 jogadores, oito são do Bayern e seis do Dortmund: Neuer, Lahm, Badstuber, Boateng, Schweinsteiger, Toni Kroos, Mario Gomez, Thomas Müller, Weidenfeller, Mats Hummels, Schmelzer, Gündoğan e Marco Reus. Mario Götze, que trocará os aurinegros pelos bávaros ao final da temporada, não jogará por estar lesionado. Além deles, estrelas como o francês Ribéry, o holandês Robben e o polonês Lewandowski são nomes que abrilhantam ainda mais a decisão europeia.

Confrontos
Bayern e Dortmund têm rivalizado pelo topo da Bundesliga. Nos últimos quatro anos, cada um conquistou dois títulos nacionais. Os bávaros ganharam o campeonato deste ano, 25 pontos à frente do aurinegro, vice-campeão. No histórico dos 100 confrontos, o Bayern tem vantagem de 19 vitórias a mais. Nas últimas cinco temporadas, o equilíbrio prevalece, com cinco vitórias para cada lado, em 13 partidas. Entretanto, na atual temporada, o Dortmund ainda não venceu o Bayern. Quatro jogos, duas vitórias bávaras e dois empates.

Histórico
100 jogos
45 vitórias do Bayern
26 vitórias do Dortmund
29 empates

Últimos 5 anos
13 jogos
5 vitórias do Bayern
5 vitórias do Dortmund
3 empates

Títulos de Liga dos Campeões
4 Bayern
1 Dortmund

Os brasileiros na final
Ao contrário de outras edições, a final da Liga dos Campeões deste ano não terá um brasileiro como estrela ou uma das principais atrações. Quatro brasileiros compõem os elencos dos dois times. Três no Bayern e um no Dortmund.

Dante O zagueiro é pouco conhecido no Brasil. Jogou entre 2002 e 2003 no Juventude e saiu para o Lille, da França. Nos últimos 10 anos fez carreira na Europa. Chegou ao Bayern em 2012 e se destacou, chegando à Seleção Brasileira e disputará a Copa das Confederações.

Luiz Gustavo Iniciou sua trajetória no Corinthians Alagoano e atuou pelo CRB antes de partir para o Hoffenheim (ALE) em 2007. No Bayer desde 2011, o volante não é titular absoluto, porém é utilizado com frequência. Também vai jogar pela Seleção na Copa das Confederações.

Rafinha O paranaense Rafinha começou profissionalmente no Coritiba. Saiu do Coxa em 2005, para o Schalke (ALE), onde foi ídolo. Após breve passagem pelo Genoa, da Itália, voltou para a Alemanha, em 2010, para vestir a camisa do Bayern, onde está até hoje.

Felipe Santana Como os brasileiros do rival na final, o zagueiro também saiu do Brasil sem fazer muito sucesso. Em 2008 trocou o Figueirense pelo Dortmund. Foi peça fundamental na campanha deste ano, ao marcar o gol salvador frente ao Málaga, nas oitavas de final.

As finais entre times dos mesmos países
A final alemã será a quarta da história da Liga dos Campeões envolvendo clubes dos mesmos países. Antes, Espanha (2000), Itália (2003) e Inglaterra (2008) já tinham decidido a principal competição de clubes do Velho Continente.

1999/2000 - Real Madrid 3 a 0 Valência
Real Madrid e Valência não eram os detetores do título de campeão espanhol. Porém chegaram à final da Liga dos Campeões, decidida no estádio Stade de France, em Paris. Treinado por Vicente del Bosque, atual treinador da campeã mundial Espanha, o Real Madrid não tomou conhecimento do Valência, vencendo por 3 a 0, com gols de Morientes, McManaman e Raúl. Este foi o nono título continental do gigante branco da Espanha.

2002/03 - Milan 0 a 0 Juventus (Milan 3 a 2 nos pênaltis)
Na edição 2002/03 da prova rainha europeia, a Itália colocou três times nas semifinais da Liga dos Campeões. A Inter de Milão foi batida pelo seu grande rival, Milan. A decisão ocorreu no estádio de Old Trafford, em Manchester e foi um jogo morno, com os dois times mais preocupados em se defender. Com o 0 a 0 prevalecendo mesmo depois da prorrogação, o Milan venceu na decisão de pênaltis por 3 a 2, conquistando, na altura, seu sexto troféu.

2007/08 - Manchester United 1 a 1 Chelsea (United 6 a 5 nos pênaltis)
Mais uma vez, a semifinal contou com três equipes do mesmo país. Desta vez, foi a Inglaterra. O eliminado foi o Liverpool, suplantado pelo Chelsea. Na decisão, em Moscou, Cristiano Ronaldo e Frank Lampard marcaram os gols do empate de 1 a 1. Resultado que permanceu até o apito final, levando a decisão para as grandes penalidades. Nos pênaltis, o escorregão de John Terry salvou Ronaldo, que havia falhado sua cobrança. Anelka falhou o último pênalti.

Todas as decisões de Liga dos Campeões disputadas em Wembley
Bayern de Munique x Borussia Dortmund será a sétima final da história do estádio de Wembley. confira as seis finais anteriores.

1963: Milan (ITA) 2 x 1 Benfica (POR)
1968: Manchester United (ING) 4 x 1 Benfica (POR)
1971: Ajax (HOL) 2 x 0 Panathinaikos (GRE)
1978: Liverpool (ING) 1 x 0 Club Brugge (BEL)
1992: Barcelona (ESP) 1 x 0 Sampdoria (ITA)

2011: Barcelona (ESP) 3 x 1 Manchester United (ING)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mania de ganhar


“Ai estes são os filhos do dragão, unidos para vencer. Orgulhosos por fazer deste Porto campeão”. É desta forma que termina uma das mais emblemáticas canções de apoio ao Porto, Filhos do Dragão. Ontem, após a vitória de XXX sobre o Paços de Ferreira, a nação portista celebrou, orgulhosa de seu clube, mais um título de campeão português. Tricampeão. Invicto. E como eternizou a canção, ninguém pode quebrar este vício de ganhar. E que vício! Nos últimos 30 anos, esta foi a 20ª vez que os portistas saíram às ruas para comemorarem a conquista do campeonato nacional. A épica reviravolta, alcançada apenas a duas rodadas do final e aos 46 minutos do segundo tempo do clássico frente ao eterno rival, jamais será esquecida pelos filhos do Dragão.

Com a conquista, o time azul e branco consolidou ainda mais sua hegemonia no futebol português. A mudança de paradigma em Portugal teve início com a queda do regime fascista, em 1974. A consolidação do sistema democrático viu surgir uma força emergente no Norte, rompendo o centralismo da capital lusitana. E esta força firmou seus alicerces nas últimas três décadas. 20 títulos em 30 campeonatos disputados. Em média, o Porto se sagrou campeão português duas vezes a cada três anos. Dois terços dos títulos foram parar nas galerias de troféus do Dragão. Relegando a Benfica (7), Sporting (2) e Boavista (1), o terço restante.

Para chegar aos tricampeonato, o Porto disputou 90 partidas. Sofreu apenas uma derrota. Foi campeão invicto duas vezes. Na temporada 2010/11, que abriu o caminho do tri. E agora, na época 2012/13. Assim, os azuis e brancos se tornam o clube português mais vezes campeão invicto, deixando o rival Benfica para trás também nesta estatística. A única derrota portista, na trajetória do tri, aconteceu em 29 de janeiro de 2012, pela 17ª rodada da temporada 2011/12. O Gil Vicente fez 3 a 1 no Porto. No total, foram 74 vitórias, 15 empates e a solitária derrota diante de um improvável adversário.

O contestado treinador Vitor Pereira, que dificilmente terá seu contrato renovado, junta-se a um rol de honra de técnicos bicampeões com o Porto. Oitavo bicampeão, Pereira coloca seu nome ao lado de figuras históricas como José Maria Pedroto, Artur Jorge, Sir Bobby Robson e José Mourinho. Com mais títulos, apenas dois treinadores: Artur Jorge (1984/85, 1985/86 e 1989/90) e Jesualdo Ferreira, o único campeão por três anos seguidos - 2006/07, 2007/08 e 2009/10.

Dentro das quatro linhas, os destaques vão para o trio de meio-campo. Formado pelo volante brasileiro Fernando, apelidado de “polvo” pelos torcedores. O português João Moutinho, motor e cérebro do time. E o capitão, “El Comandante” Lucho González, símbolo do que chamam de mística portista. Além deles, a dupla ofensiva colombiana. O jovem e promissor James Rodríguez e o centroavante matador Jackson Martínez, que, em seu primeiro ano de clube, soma a artilharia do campeonato ao título nacional.

Sempre campeão
Lucho González chegou ao Porto em 2005, vindo do River Plate. Logo caiu nas graças da torcida portista, com sua técnica acima da média e seu vigor físico, que o permitia exercer bem a função defensiva no meio-campo e chegar como elemento surpresa no ataque. Em sua primeira passagem, foram quatro anos de clube e quatro campeonatos. Saiu, meio que a contragosto, para o Olympique Marseille em 2009. Em janeiro de 2012, pediu aos franceses para voltar ao Porto. Rescindiu o contrato. Retornou a custo zero. Os azuis e brancos passavam por fase conturbada no campeonato. Cinco pontos atrás do Benfica. Lucho González comandou o clube na conquista do bicampeonato. E agora no tri.

6 campeonatos disputados
6 títulos conquistados

Campeões, só no Porto
O time do Porto tem um quarteto de jogadores que, antes de se mudarem para a cidade invicta, jogaram no rival Sporting. Mas todos eles só sentiram o gostinho do título português depois que trocaram a camisa verde e branca pela azul e branca.

João Moutinho Revelado pelo Sporting, João Moutinho chegou a ser capitão dos Leões. Foram seis anos em Alvalade. Nenhum título português. Em três anos de Porto, chega ao tricampeonato.

Liedson O “Levezinho” foi artilheiro e ídolo no Sporting. Teve tanto destaque que se naturalizou português e atuou pela seleção lusitana. Porém, passou em branco nos oito anos em que esteve no clube lisboeta. Em seis meses de Porto, finalmente conquistou o título nacional.

Marat Ismaylov O meia russo jogou por cinco anos e meio no Sporting. Em janeiro de 2013 se transferiu para o Dragão. Se em Lisboa nunca chegou perto de ser campeão português, no Porto repete Liedson e celebra o título em seis meses de clube.

Varela Quase não atuou pelo time principal do Sporting. Mas é cria das categorias de base que já revelou Luís Figo, Cristiano Ronaldo e Nani. Não foi campeão em Alvalade. No Porto, é tricampeão em quatro temporadas.

Campeões portugueses

Benfica 32
Porto 27
Sporting 18
Boavista 1
Belenenses 1

Nos últimos 30 anos

Porto 20
Benfica 7
Sporting 2
Boavista 1

domingo, 19 de maio de 2013

O mais emocionante da Europa


O Campeonato Português só será decidido hoje, em sua última rodada. Porto e Benfica brigam pelo título. Na rodada passada, os azuis e brancos venceram, de virada, os encarnados e reassumiram a liderança. E apenas um ponto separa os dois eternos rivais. Para ser tricampeão, o Porto precisa apenas da vitória sobre o Paços de Ferreira. Já o Benfica, tem que torcer por um tropeço do Dragão e vencer o Moreirense. Vai ser emoção até o fim.

O instante pleno de estar para acontecer. Às 14h30 de hoje, a bola rola em dez partidas da 30ª e última rodada do Campeonato Português. Dois jogos dividirão, porém, as atenções de todos os portugueses. E não só. Também de todos os amantes do futebol. E de seus sentimentos. Enquanto os principais campeonatos nacionais europeus já estão decididos, com seus campeões, em Portugal, Porto e Benfica prometem que a emoção será mantida até o fim. Dragões e encarnados chegam à derradeira jornada separados por apenas um ponto. Quis o acaso do sorteio da Liga Portuguesa, que o campeonato fosse decidido em contrastes. Enquanto o bicampeão, Porto, enfrenta o surpreendente e perigoso Paços de Ferreira, no acanhado Estádio da Mata Real (com seus 5.172 lugares), seu principal antagonista - Benfica - encara o desesperado Moreirense, no Estádio da Luz, onde cabem 65.647 torcedores.

Em um campeonato marcado pelo equilíbrio, com os dois protagonistas sempre muito próximos na classificação, o mês de abril se encerrou com o Benfica celebrando a difícil vitória na Madeira, 2 a 1, sobre o Marítimo. Com maio se abrindo para a reta final tendo o clube da capital quatro pontos de vantagem sobre o time do Norte, pensavam os benfiquistas que a comemoração do título era apenas uma questão de tempo. Um inesperado Estoril, entretanto, surgiu no caminho. Dois pontos tirados ao então líder. Renascia, assim, a esperança no Dragão. A penúltima rodada reservava um escaldante Porto x Benfica. Que até os 46 minutos do segundo tempo marcava a igualdade no placar, 1 a 1. Êxtase vermelho e branco. Eis que do sinistro pé de um brasileiro de 19 anos, o instante brotava como momento emergente. Kelvin não só marcou o gol da virada portista. Ele marcou o gol da reviravolta azul e branca, que ultrapassou o grande rival restando apenas mais uma rodada por vir.

O título de campeão português se decidirá em duas capitais. A capital do móvel, como é conhecida a pequena Paços de Ferreira. Onde o clube local, que assegurou na rodada passada uma inédita participação na Liga dos Campeões, receberá o Porto, que está a uma vitória do tricampeonato. E a capital lusitana, Lisboa. Onde o Benfica, abatido por duas derrotas seguidas nos acréscimos (na última quarta-feira perdeu a Liga Europa para o Chelsea, aos 47 do segundo tempo), precisará do apoio da massa encarnada para empurrar o ameaçado Moreirense e abatê-lo, na esperança de que esta vitória lhe valha a reconquista do nacional. Aos benfiquistas, contudo, não bastará a vitória no Estádio da Luz. Terão que torcer, também, por um tropeço portista no Estádio da Mata Real. Seja qual for o campeão. Se Porto ou Benfica. A edição 2012/13 do Campeonato Português ficará marcada como uma das mais equilibradas e emocionantes da história.

Kelvin, o herói
Ele não deverá ser titular no jogo de hoje, mas, caso o Porto conquiste o tricampeonato, seu nome terá letras douradas no livro do campeão. Kelvin Mateus de Oliveira tem 19 anos e foi revelado em 2010 pelo Paraná Clube. Chegou ao Porto em 2011. Mas, para ganhar experiência, foi logo emprestado ao Rio Ave, onde disputou o Português da temporada 2011/12. Em julho de 2012 voltou a compor o elenco do Porto. Atuou apenas em sete partidas pelo time principal. Porém, foi autor de três gols decisivos, em duas viradas determinantes para os azuis e brancos.

7 jogos pelo time principal

3 gols, 2 viradas

8 de abril, Porto 3 a 1 Braga. Entrou 31 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava 1 a 1. Marcou dois gols e deu a vitória aos Dragões.

11 de maio, Porto 2 a 1 Benfica. Entrou aos 34 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava 1 a 1. Marcou o gol que deu a vitória aos Dragões.

Rodadas na liderança

Porto 11 (reassumiu a liderança na 29ª e penúltima rodada)
Benfica 17 (liderou da 21ª a 28ª rodada)

Campanhas

Porto 23 vitórias e 6 empates (invicto)
Benfica 23 vitórias, 5 empates e 1 derrota

Contas do título

Porto Uma vitória garante o tricampeonato. Os portistas ainda podem conquistar o título mesmo com o empate ou a derrota. Para isso, o Benfica não pode vencer o Moreirense.

Benfica Aos benfiquistas, somente a vitória interessa. Mas não apenas isso. Também precisam torcer para que o Porto perca seu jogo.

Briga londrina pela Liga dos Campeões




Enquanto o Manchester United terá um jogo festivo, três clubes londrinos encaram a última rodada da Premier League em clima de decisão. Chelsea (embalado pelo título da Liga Europa), Arsenal e Tottenham brigam pelas duas vagas que restam para a edição 2013/14 da Liga dos Campeões.

Chelsea Terceiro colocado, com 72 pontos, joga em casa com o Everton e com uma vitória se garante diretamente na fase de grupos. Um empate pode ser suficiente para assegurar a terceira posição. Basta que o Arsenal não vença e que o Tottenham não aplique uma goleada histórica no Sunderland (precisa tirar diferença de oito gols).

Arsenal Para garantir a quarta posição e a vaga no playoff, basta uma vitória, fora de casa, frente ao Newcastle. Mas com 70 pontos, para passar o Chelsea e se ir para a fase de grupos, os Gunners têm que torcer pelo tropeço dos Blues. A derrota seria o ideal. Em caso de empate, é possível ultrapassar no número de gols marcados, já que a diferença é pequena, 73 x 71.

Possibilidade de jogo extra: Se o Chelsea empatar com o Everton em 0 a 0 e o Arsenal vencer o Newcastle por 2 a 1 (ou empate de 1 a 1 e vitória de 3 a 2, e assim por diante), os rivais ficariam empatados nos dois critérios de desempate (gols marcados e saldo de gols) e haveria a necessidade de um jogo extra para definir a vaga direta na Champions League.

Tottenham Chega à última rodada sem depender apenas de suas forças. Tem que vencer o Sunderland e torcer, pelo menos, pelo tropeço do Arsenal, para poder ficar com a quarta colocação e disputar o playoff. Caso consigam ultrapassar os Gunners, esta será a primeira vez, em 18 anos, que os Spurs ficarão à frente do maior rival no Campeonato Inglês.

Uma vida no Manchester


O Manchester United se despede hoje de um mito. Sir Alex Ferguson comandará os Red Devils pela última vez. Foram 26 anos e meio à frente do gigante inglês. Anos de muitos títulos e muitas glórias. Confira os números de Ferguson à frente do United e conheça outros treinadores que se notabilizaram pela longevidade em seus clubes.

26 anos e meio. Este foi o período em que Alex Ferguson esteve à frente do Manchester United. Quando assumiu o comando do clube, os Red Devils tinham sete títulos ingleses, ocupando a quarta posição no ranking de campeões, atrás de Liverpool, Everton e Arsenal, e ao lado de Aston Villa. Hoje, por volta das 14h, quando o árbitro soar o apito final de West Bromwich x Man United, Ferguson fará sua despedida definitiva do clube. Aposentado aos 71 anos de idade. Mas deixará seu legado para a história. O United, campeão inglês, levantará o 20º troféu nacional, ampliando para dois títulos a diferença sobre o Liverpool, como o maior campeão Inglês.

Números de Ferguson no United

1499 jogos no comando do clube
894 vitórias e apenas 267 derrotas
59,65% de aproveitamento
13 títulos do Campeonato Inglês
65% dos títulos ingleses do United foram com Ferguson (13 de 20)
2 Champions League
2 Mundiais de Clubes
5 Copas da Inglaterra
4 Copas da Liga Inglesa
10 Supercopas da Inglaterra

Longevidade de treinadores

Engana-se quem pensa que Alex Ferguson é o recordista de longevidade como treinador de um time de futebol. Entre clubes semiprofissionais e profissionais, há nomes que ultrapassaram largamente os 26 anos e meio do escocês, com três, quatro e até cinco décadas de trabalho.

51 anos Em 1939, Amadeu Teixeira fundou o América de Manaus com seu irmão. Em 1955 assumiu o comando técnico do time, onde ficou até 2006. É o recordista mundial.

50 anos Jimmy Davies à frente do Waterloo Dock AFC, time semiprofissional que disputa torneios de uma liga da cidade de Liverpool. Davies também vai se aposentar este ano.

44 anos Guy Roux é o recordista no futebol profissional europeu. Treinou o francês Auxerre entre 1961 e 2005, conquistando 1 Campeonato Francês e 4 Copas da França.

33 anos Mais um semiprofissional e também da liga da cidade de Liverpool. Roly Howard comandou o Marine FC entre 1972 e 2005.

Vai ultrapassar
26 anos O norte-irlandês Ronnie McFall, do Portadown FC, é o sucessor do escocês. Sem pretensão de se aposentar, McFall deve ultrapassar a marca de Ferguson em dezembro.

Antecessor
24 anos Antes de Ferguson, o recordista à frente do United era outro escocês. Matt Busby comandou os Red Devils entre 1945 a 1969, sobrevivendo ao desastre aéreo de 1958, em que morreram 21 pessoas, entre as quais sete jogadores do clube.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A maldição dos acréscimos


Sobre o primeiro título do Chelsea na Liga Europa, escrevi assim para a edição desta quinta-feira, 16 de maio, do Diario de Pernambuco.


Nem o mais pessimista dos torcedores do Benfica poderia imaginar que algo assim fosse possível. Em menos de uma semana, o clube lisboeta foi do céu ao inferno. Dois jogos decisivos. Duas derrotas. E uma irônica coincidência. Dois gols sofridos já nos acréscimos. Sábado passado, o Porto virou no Português aos 46 do segundo tempo. Ontem, na final da Liga Europa, foi a vez do Chelsea. O jogo caminhava para a prorrogação, empatado em 1 a 1. 47 minutos. Escanteio para os Blues. Juan Mata cobra alto, no segundo pau. O zagueiro Ivanovic sobe mais alto do que todo mundo. Cabeceia a bola, que faz um arco perfeito para o fundo do gol de um desolado Artur, que nada podia fazer. Explosão da parte azul da Amsterdam Arena. O Chelsea se sagrava campeão da Liga Europa. E o Benfica, mais uma vez, sucumbiu. A maldição dos acréscimos. A maldição de Béla Guttmann. Treinador bicampeão europeu com o Benfica, o húngaro amaldiçoou os encarnados em 1962. “Nem daqui a 100 anos o Benfica ganhará uma competição europeia sem mim”. Desde então, foram sete finais continentais. Sete derrotas.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Passado e presente em final europeia


De um lado, o Benfica. Tradicional clube português, duas vezes campeão da Copa dos Campeões Europeus, atual Liga dos Campeões. Títulos conquistados na década de 1960. Do outro, o Chelsea. Um dos novos ricos europeus. Turbinado pelos petrodoláres do russo Roman Abramovich, conquistou a Liga dos Campeões de 2012. Passado e presente que se embatem hoje, às 15h45, na Amsterdam ArenA. Repescados da Liga dos Campeões, de onde caíram ainda na fase de grupos, portugueses e ingleses disputam a final da Liga Europa, a segunda competição interclubes do Velho Continente. E vão em busca de um título inédito.

A decisão continental passou a ser vista como a salvação da época para os dois clubes. Principalmente para o Chelsea. Foi o primeiro campeão europeu da história a cair na fase de grupos e ainda passou longe de ganhar o Campeonato Inglês e a Copa da Inglaterra. Já o Benfica, depois da derrota de virada para o Porto no Português, no último sábado (11), chega pressionado a Amsterdã. Os encarnados sonhavam com a tríplice coroa - Campeonato Português, Copa de Portugal e Liga Europa -, mas podem acabar a temporada sem nenhum título ou apenas o da Copa de Portugal.

Para a final, o Benfica vai com força máxima. Levou todo o elenco, incluindo o lateral direito uruguaio Maxi Pereira, suspenso. Já o Chelsea, cuja comitiva conta com 25 atletas, ainda não sabe se poderá contar com o capitão John Terry, o meia Obi Mikel e o atacante Hazard, todos com problemas físicos.

+

51.628 capacidade da Amsterdam ArenA
4ª final europeia (de jogo único) na cidade de Amsterdã
1962 ano do segundo e último título europeu do Benfica (5 a 3 no Real Madrid), final que aconteceu em Amsterdã

9 número de brasileiros nos dois clubes, maior que o de portugueses (8) e ingleses (7)

2ª final de Copa da UEFA/Liga Europa do Benfica, que foi derrotado pelo Anderlecht em 1982/83
1ª final de Liga Europa da história do Chelsea

Ibérica? desde que a Copa da UEFA passou a ser denominada Liga Europa, apenas clubes da Península Ibérica conquistaram o torneio - Atlético de Madri (2) e Porto (1). O Benfica pode manter a tendência.

Confrontos

Chelsea x Benfica só se enfrentaram duas vezes em competições europeias. Foi na temporada passada, nas quartas de final da Liga dos Campeões. Os ingleses venceram os dois jogos: 1 a 0 e 2 a 1.

FRASES

“Eu não vejo um favorito. Creio que vai ser uma final interessante para todos. Eles têm experiência em finais europeias, mas nós também temos”, Rafa Benítez, treinador do Chelsea.

“Todos nós aqui, tanto os que estão aqui há muito tempo quanto os que estão há menos tempo, queremos ganhar este troféu para o Chelsea”, Frank Lampard, meia histórico dos Blues.

“Na minha opinião, os melhores times da Liga Europa chegaram à final”, Jorge Jesus, treinador do Benfica.

“Nós podemos fazer história para um clube da importância do Benfica”, Luisão, capitão benfiquista.

sábado, 11 de maio de 2013

O jogo que vai parar Portugal




Porto x Benfica fazem hoje um clássico decisivo no estádio do Dragão. Os portistas vão atrás da vitória para darem a reviravolta a duas rodadas do fim e partirem para o tricampeonato. Já os vermelhos, podem se sagrar campeões na casa do rival, caso vençam no estádio onde já não ganham pelo Campeonato há oito anos.

Quando entrou em campo, na última segunda-feira (6), em um estádio da Luz lotado com 60.897 torcedores, o Benfica imaginava que os 90 minutos do confronto com o Estoril seriam meramente protocolares. Com quatro pontos de vantagem sobre o histórico rival Porto, os encarnados acreditavam que a vitória frente aos “Canarinhos” eram favas contadas e que manteriam a distância sobre o rival faltando apenas duas rodadas para terminar o Campeonato Português. Em busca de uma vaga na Liga Europa, o Estoril, entretanto, não fez papel de figurante e arrancou um empate, tirando dois pontos ao time comandado por Jorge Jesus. Com o resultado, o clube lisboeta viu a diferença para o rival do Norte cair para apenas dois pontos, às vésperas do grande clássico no estádio do Dragão. Hoje, a partir das 16h30, a bola rola na cidade do Porto. E Portugal vai parar. Se vencer, o Benfica será campeão pela primeira vez no campo do maior rival. Mas se os azuis e brancos fizerem valer a tradição e triunfarem em casa, ultrapassarão o Benfica e ficarão a mais uma vitória do tricampeonato.

Os dois times praticamente não se desgrudaram na classificação desde a primeira rodada. Na estreia, ambos empataram. O Porto, fora de casa, com o Guimarães (0 a 0) e o Benfica, em casa, com Braga (2 a 2). A partir da segunda rodada, contudo, começaram a rivalizar pela primeira colocação do campeonato, que dividiram em igualdade pontual até a 21ª rodada. Foi quando os portistas tropeçaram diante do Sporting, em Lisboa, não passando do 0 a 0. Os encarnados venceram o Beira-Mar por 1 a 0 e se isolaram no topo da tabela, onde se encontram até hoje. Pelo meio, os Dragões ainda perderam mais dois pontos, depois do empate em 1 a 1 com o Marítimo, na Ilha da Madeira.

Na história do futebol português, em 78 edições do Campeonato, apenas em sete ocasiões o time que chegou à penúltima rodada na liderança perdeu o título. O Benfica foi o último clube a conseguir a reviravolta, na temporada 2004/05, batendo o rival lisboeta Sporting. No que toca à grande rivalidade lusitana, apenas o Porto já aplicou reviravoltas. Sim, no plural. Foram três. Em 1958/59, 1978/79 e a última em 1985/86. Se vencer diante de um estádio do Dragão que estará lotado (os ingressos se esgotaram com três dias de antecedência), os azuis e brancos poderão aprontar a quarta reviravolta sobre o histórico oponente.

Campeão na casa do rival

Mesmo preocupados com o jogo na casa do rival – e essa preocupação era visível no semblante do técnico Jorge Jesus, dos atletas e dos torcedores ao final do jogo com o Estoril – o Benfica tem uma motivação extra para o jogo deste sábado. Se bater o Porto, o clube da capital conquistará o campeonato dentro da casa daquele que é o seu maior oponente nas competições nacionais. Este feito seria histórico para os encarnados, que em 2009/10 bateram na trave, também na penúltima rodada. Em compensação, os Dragões já gritaram “campeões, nós somos campeões” em duas oportunidades em Lisboa, a mais recente delas na temporada 2010/11.

1939/40 o Porto, treinado por Mihaly Siska, brigava com o Sporting pelo título. Na última rodada, o difícil embate com o Benfica, em seu antigo campo, Estádio das Amoreiras. Os portistas venceram, 3 a 2, e conquistaram o tricampeonato.

2010/11 no dia 3 de abril de 2011, Benfica x Porto se enfrentavam pela 25ª rodada. O Porto voava em uma temporada histórica. Uma vitória azul e branca valeria o título com cinco rodadas de antecedência. Com um gol contra do goleiro espanhol Roberto e um de pênalti do brasileiro Hulk, o Porto fez 2 a 1 (Saviola descontou, também de pênalti) e fez a festa em pleno estádio da Luz. Os benfiquistas, em atitude antidesportiva, apagaram as luzes do estádio e ligaram o sistema de irrigação do gramado, na tentativa de estragar a celebração dos Dragões. Não adiantou e foi motivo de chacota ainda maior.

Na trave - 2009/10 penúltima rodada do campeonato. O Benfica briga com o Braga pelo título. Os encarnados vão ao Dragão precisando de uma vitória para conquistarem o campeonato de forma antecipada. Mesmo com um a menos quase todo o segundo tempo, o Porto venceu por 3 a 1 e adiou a festa.

Oito anos de jejum

Para ser campeão na casa do Porto, o Benfica precisa fazer algo que não consegue realizar, pelo Campeonato, há quase oito anos. Bater o rival no estádio do Dragão. A última vitória dos encarnados na cidade do Norte de Portugal foi em outubro de 2005, na temporada 2005/06, 2 a 0. De lá para cá, foram seis jogos, com quatro vitórias portistas e dois empates. Dentre as vitórias dos Dragões, está o 5 a 0 aplicado pelo timaço de Hulk e Falcao, comandado por André Villas-Boas.

Histórico de confrontos

224 jogos
87 vitórias do Porto
82 vitórias do Benfica
55 empates

Confrontos no Porto (pelo Campeonato)

78 jogos
47 vitórias do Porto
12 vitórias do Benfica
19 empates

Campeão invicto

Benfica de 1972/73 e Porto de 2010/11, os campeões invictos de Portugal

Na história do Campeonato Português, apenas duas vezes é que houve campeão invicto. Este ano, o feito pode se repetir. Benfica e Porto ainda não perderam na competição.Os encarnados venceram 23 partidas e empataram cinco, nos 28 jogos que disputaram. Já os portistas somam 22 vitórias e seis empates. Para ser tircampeão, o Porto precisa de duas vitórias nas duas últimas rodadas, o que o tornaria campeão invicto. O Benfica também pode ser campeão invicto, basta que empate no Dragão e depois vença o Moreirense na última rodada.

1972/73 ano em que o Benfica foi campeão invicto, com 28 vitórias e 2 empates, em 30 rodadas.

2010/11 ano em que o Porto igualou o feito do rival, conquistando o campeonato de forma invicta, mas com 27 vitórias e 3 empates em 30 rodadas.

Vice-campeão invicto?

É possível de ocorrer. O Porto poderá ser vice-campeão invicto, pois pode empatar com o Benfica, vencer o Paços de Ferreira na última rodada e terminar o campeonato dois pontos atrás do rival, mesmo sem ter sofrido derrotas. Fato curioso, porém não seria inédito.

1977/78 o Porto foi campeão com 22 vitórias, 7 empates e 1 derrota, somando 51 pontos. O Benfica somou os mesmos 51 pontos do rival, com 21 vitórias e 9 empates, mas perdeu o título no saldo de gols: 60 x 45.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Conheça o Sporting, adversário do Náutico na inauguração da Arena Pernambuco


Segundo os dirigentes alvirrubros, o Porto, clube que conquistou 19 campeonatos portugueses nos últimos 30 anos, não pôde vir devido a uma incompatibilidade de datas. Por isso, a alternativa terminou sendo o Sporting, que tem 18 títulos portugueses em toda a sua história, mas só 2 nos últimos 30 anos. Conheça um breve resumo histórico do Sporting, um grande português que atravessa uma fase de muito sacrifício e de poucos títulos.


Gigante em decadência

Fundado em 1906, o Sporting Clube de Portugal tem alguns pontos em comum com o Náutico. Assim como o Timbu é o terceiro clube em títulos e torcidas de Pernambuco, os Leões são, atualmente, o terceiro clube português. Além disso, o Sporting também tem sua história associada à elite de Lisboa, da mesma forma como por muitas décadas o Náutico representou a elite recifense. Apelidado de “Clube dos Viscondes”, que tem no Visconde José de Alvalade como fundador e primeiro sócio, o Sporting conquistou 18 títulos portugueses e 1 Recopa Europeia, 1963/64. O período de glórias dos sportinguistas aconteceu entre as décadas de 1940 e 50, quando conquistaram 11 dos 18 campeonatos de sua história, incluindo o tetracampeonato (1951 a 1954). Nos últimos anos, entretanto, o clube lisboeta vive um período de extrema decadência. Em 31 campeonatos, conquistou apenas dois títulos, o último deles em 2002. Para além do fato de ter conquistado apenas dois títulos, o Sporting ficou fora das três primeiras posições nove vezes, contando com a campanha da atual temporada, a pior de sua história. Em 2012/13, a equipe ocupa a oitava posição (entre 16 participantes), com apenas 36 pontos - são 38 pontos a menos que o Benfica e 36 que o Porto.

Os cinco violinos
Nas temporadas 1950/1951, 1951/52, 1952/53 e 1953/54 o Sporting conquistou uma das maiores sequências de títulos do futebol português, o tetracampeonato - feito que só foi superado em 1999, pelo pentacampeonato do Porto, e igualado pelo mesmo Porto em 2009. A linha de frente do time leonino, formada por cinco atacantes, ficou marcada na história do clube, que ficou conhecido como “Os cinco violinos”: Jesus Correia, Manuel Vasques, Fernando Peyroteo, José Travassos e Albano.



Luís Figo e Cristiano Ronaldo
Duas crias das categorias de base do Sporting são motivos de orgulho para os leoninos. Luís Figo, melhor jogador do mundo em 2001, e o astro Cristiano Ronaldo, melhor do mundo em 2008, brilharam primeiro em Alvalade antes de conquistarem o mundo.

Jardel
Ídolo do Porto, onde foi tricampeão e quatro vezes artilheiro do Português, o centroavante Jardel retornou a Portugal, após passagem pelo Galatasaray, vestindo a camisa do Sporting. E com o clube de Alvalade, o brasileiro fez história. Com 42 gols marcados, em 30 jogos, Jardel foi o protagonista do último título português do Sporting.

Rui Patrício
Do atual elenco sportinguista, o único jogador que se destaca é o goleiro Rui Patrício, nome habitual nas convocações da seleção portuguesa.

O estádio

O novo estádio José de Alvalade foi construído para sediar jogos da Euro 2004, realizada em Portugal. Com capacidade para 50.049 espectadores, o Alvalade foi inaugurado em 6 de agosto de 2003, com a partida Sporting 3 a 1 Manchester United. O local recebeu a final da Copa da UEFA 2004/05, em que o próprio Sporting esteve presente e perdeu para o CSKA Moscou (3 a 1). Campeão português pela última vez em 2002, os sportinguistas jamais gritaram “campeões, nós somos campeões” em seu novo estádio.

Títulos

1 Recopa Europeia
18 Campeonatos portugueses
15 Copas de Portugal
7 Supercopas portuguesas
4 Campeonatos de Portugal*

*O Campeonato de Portugal é considerado como a competição antecessora da Copa de Portugal.

sábado, 4 de maio de 2013

A Copa do Mundo e a fantasia do “em se construindo, tudo dá”



“Em se plantando, tudo dá”, esta é uma citação atribuída a Pero Vaz de Caminha, em carta endereçada ao rei dom Manuel, ao relatar o que encontrara nas terras que acabara de “descobrir”, o que hoje chamamos de Brasil. Entretanto, ao contrário do que propagandeou o escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, ao tentar consolar seu rei pelo fato de não ter encontrado o que realmente se esperava (ouro - que só 200 anos depois seria descoberto), no início da exploração do novo território, não foi nada fácil colher os frutos do que se plantava ou cultivava. Passados pouco mais de cinco séculos da célebre carta de Pero Vaz, eis que o Brasil vive outro momento de fantasia. Agora, a ilusão não é de plantações que prosperarão “quase que infinitas”, citando o escrivão português, mas de construções. Alimentado pela felicidade de sediar o maior evento esportivo mundial, a Copa do Mundo FIFA, o Brasil vive a expectativa do “se você construir, ele virá”. Ou seja, a ideia de que megaconstruções de estádios milionários (e alguns bilionários) trarão o desenvolvimento. Do “em se plantando, tudo dá”, passamos ao “em se construindo, tudo dá”.

A noção de “se você construir, ele virá” é originária dos Estados Unidos e se fundamenta em uma premissa básica muito simples: construir estádios onde eles não existem é edificante e bom para todos. “Em qualquer cidade dos Estados Unidos, em qualquer momento, alguém está planejando construir um novo estádio esportivo excepcional. (...) Donos de times normalmente exigem que os contribuintes da cidade anfitriã banquem um estádio, com estacionamentos lucrativos. Tudo isso é então repassado ao dono da franquia, que também fica com o dinheiro que ganha vendendo ingressos”, é o que detalham o jornalista Simon Kuper e o economista Stefan Szymanski, em Soccernomics. O grifo em contribuintes é nosso e foi feito para chamar a atenção para o que acontecerá, por exemplo, com o estádio que foi construído no local do antigo Maracanã. Dinheiro público na construção de uma praça esportiva que em breve passará para as mãos de um gestor privado.

No excelente Soccernomics, Kuper e Szymanski ainda explicam que, nos Estados Unidos, há “uma pequena indústria de consultores que existem para fornecer justificativas econômicas” para as construções de estádios. O importante é convencer a população (que bancará tudo, direta ou indiretamente) da necessidade, importância e, principalmente, dos benefícios futuros das obras. E o argumento é conhecido por todos: as obras geram empregos para os operários da construção civil e os estádios empregarão pessoas, depois de prontos; torcedores virão (“se construir, ele virá”) e gastarão dinheiro; novos negócios surgirão para atender a demanda dos torcedores; a região do estádio passará por um desenvolvimento, com mais pessoas querendo morar no entorno; etc.

Esta ideia não se manteve restrita apenas aos EUA. Ela se espalhou. Primeiro para o futebol europeu. Em conseguinte, para todo o futebol mundial. Os estudos de “impactos econômicos” sempre apresentam números extraordinários, com vantagens financeiras que dificilmente ficam abaixo da casa dos bilhões (dólares, euros, reais, escolha a moeda). Mas será que essas construções realmente geram um retorno positivo para as localidades que despendem tanto esforço financeiro?

Kuper e Szymanski apresentam o trabalho do economista e ex-atleta de alto nível Rob Baade, The Sport Tax. Especializado em finanças públicas, Baade resolveu estudar com profundidade a relação entre a construção de arenas esportivas e o desenvolvimento local. O estudioso chegou a uma conclusão, que contrariava, evidentemente, os interesses econômicos daqueles que vendem a ideia de “em se construindo, tudo dá”: o investimento público em estádios não gera um bom retorno para os contribuintes. “Ao contrário do que alegam funcionários das prefeituras, este estudo descobriu que quase sempre esportes e estádios não têm qualquer impacto positivo significativo na economia da cidade”, afirmou Baade.

Evidentemente, os primeiros estudos de Baade foram sobre estádios da liga de futebol americano (NFL) e da liga de beisebol (MLB). Em 1994, ano que os EUA sediaram a Copa do Mundo, ele e Victor Matheson fizeram um estudo sobre o impacto do evento no país. Tentaram encontrar elementos que comprovassem a ideia de desenvolvimento acelerado nas cidades-sede. Adivinhem a que conclusão chegaram. Pois é, Baade e Matheson não encontraram evidências de que sediar a Copa do Mundo implicaria em desenvolvimento local.

Mas se países como Inglaterra (que esperava 250 mil turistas estrangeiros na Euro 1996 e recebeu menos de 100 mil, que gerou US$155 milhões em faturamento, nada comparado aos US$20 bilhões gastos por estrangeiros no país naquele mesmo ano) ou Alemanha (cujos 2,8 bilhões de euros gastos por visitantes na Copa do Mundo de 2006 não cobriu a despesa pública para preparar o evento e era totalmente irrelevante, quando contraposto ao 1 trilhão de euros gastos por consumidores anualmente na Alemanha) ainda podem se dar ao luxo de bancarem este tipo de “festa”, há nações em que o mau uso do dinheiro do povo podem ter consequências drásticas para a população. São os casos de Portugal, que sediou a Euro 2004, e África do Sul, sede da Copa de 2010. Este deverá ser, também e infelizmente, o caminho traçado pelo Brasil.

Euro 2004 e as dívidas para os próximos 20 anos

Estádio de Leiria, hoje sem clube que o utilize

“A Euro 2004 foi um exemplo da estratégia para o desenvolvimento para o abismo que Portugal seguiu.” A frase, impactante, é do presidente da Câmara Municipal do Porto (o equivalente a prefeito, no Brasil), Rui Rio. A sua autarquia, que teve dois estádios naquela competição – Dragão (FC Porto) e Bessa (Boavista) – tem uma dívida de 28 milhões de euros, contraídas a partir de empréstimos bancários para que pudesse realizar as obras de infraestrutura da cidade, a fim de receber os jogos do torneio europeu de seleções. Este número corresponde a 25% da dívida que o município do Porto tem com os bancos, em balanço de 2012.

A soma do rombo nos cofres públicos será sentida, pelo menos, nos próximos 20 anos. O povo português, que hoje sofre com uma enorme crise financeira e com a austeridade da Troika, sentirá no bolso o preço da ilusão do “se você construir, ele virá”. Estádios de cidades como Algarve, Coimbra, Aveiro e Leiria vivem às moscas. No caso de Leiria, o time local, União, deixou de mandar seus jogos no estádio da cidade, por não ter como cobrir as despesas da arena.

Nas quatro cidades citadas, os municípios pagam cerca de 55 mil euros por dia para manterem os estádios (entre manutenção e pagamento de empréstimos). Em Braga, onde atua o Sporting Braga e com naming right – Estádio Axa – a prefeitura paga, anualmente, 6 milhões de euros aos bancos, por empréstimos relacionados ao estádio.

Em Portugal, como se vê, construíram-se estádios e o que veio não foi o desenvolvimento, mas sim a dívida. Que será amargamente sentida por anos e anos pelo povo, claro.

Do sonho da invasão estrangeira à realidade dos elefantes brancos

Mbombela Stadium, um elefante branco sul-africano

Quando anunciada, a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul foi vendida aos sul-africanos como a salvação nacional. Criou-se a imagem de que o evento da FIFA, como os “esperados” 500 mil turistas estrangeiros, traria para o país africano o desenvolvimento. Passados três anos do evento, que recebeu cerca de 300 mil estrangeiros visitantes, cinco dos dez estádios construídos para a competição são mantidos exclusivamente com dinheiro público. A sonhada invasão estrangeira deixou apenas os elefantes brancos, pagos, logicamente, com o dinheiro do povo sul-africano.

Estádios como Moses Mabhida (Durban), Green Point (Cidade do Cabo), Nelson Mandela Bay (Port Elizabeth), Mokaba (Polokwane) e Mbombela (Nelspruit) não conseguem cobrir seus custos. Em alguns casos, estudos apontam que seria mais barato, para os cofres públicos, a demolição dos estádios do que pagar pela manutenção ao longo dos próximos anos.

O governo da África do Sul (que é o mesmo que dizer, o povo) gastou R$ 8,8 bilhões na construção de estádios e nas obras de infraestrutura. 130 mil empregos temporários, criados para o evento, deixaram de existir nos dias que se seguiram à primeira conquista da Copa do Mundo pela seleção da Espanha.

A FIFA, que não gastou um centavo sequer em construção de estádio ou demais obras e muito menos teve que pagar impostos, lucrou R$ 4,7 bilhões com a Copa do Mundo da África do Sul. Enquanto o povo paga a conta. O lucro fica com a iniciativa privada.

Aonde foram parar os investimentos privados na Copa de 2014?

Alguém se lembra da frase “uma Copa bem organizada é aquela que tem recursos prioritariamente do setor privado”? Pois é. O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, certa vez afirmou a Copa de 2014 seria fruto de investimento privado. Entretanto, 90% das obras relacionadas ao evento da FIFA têm sido bancadas com dinheiro público. Ao todo, cerca de R$ 47 bilhões do dinheiro do povo brasileiro serão gastos para que o país sedie a competição, de acordo com dados do Blog do Planalto.

Aqui no Brasil, como já era de se esperar, “consultores” e “especialistas” logo trataram de certificar que sediar a Copa do Mundo FIFA seria um grande negócio para o país. O economista-chefe de um dos principais bancos privados fez, vejam que coisa mais espantosa, um estudo sobre os “impactos econômicos” da realização do Mundial e concluiu, vejam como é ainda mais espantoso, que os gastos com o evento gerariam um impacto de 1,5% sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O Ministério do Esporte, em 2011, declarou que o impacto poderia chegar, direta e indiretamente, a R$ 185 bilhões. Sim, isso mesmo. Sei que o texto é longo, então, sintam-se à vontade de voltarem ao terceiro parágrafo. Viram? Não é sensacional como o discurso é o mesmo ao longo das décadas?

O que os “consultores”, “especialistas” e autoridades públicas não comentam é sobre os elefantes brancos que ficarão como legado da Copa de 2014. Estádios em que o dinheiro do povo foi empregado e que jamais darão retorno, assim como acontece com várias praças esportivas portuguesas e sul-africanas. Ou alguém acredita que Manaus, Cuiabá, Brasília (com o colossal Estádio Nacional) e até mesmo Natal terão como manter suas arenas? Para não falar do Castelão, em Fortaleza, cujos contratos de utilização por parte de Ceará e Fortaleza são de curtíssimo prazo, uma vez que nenhum dos clubes se mostrou disposto a arcar com os altos custos das despesas de manutenção do estádio por muitos anos.

Ainda na questão dos estádios, há o exemplo daquilo que construíram no local do antigo Maracanã. Praça esportiva que consumiu R$ 1 bilhão dos cofres públicos passará por processo de concessão, uma forma de privatizar a gestão (e o lucro) do estádio. Ou seja, assim como acontece com os estádios nos Estados Unidos, o “novo” Maracanã terá sido construído com dinheiro do povo, mas ficará sob o controle de um grupo privado, que lucrará isoladamente com isso. Onde está o interesse público nisso? Qual é a vantagem deste negócio para a população carioca e brasileira?

Ao custo final de R$ 610,037 milhões a Arena Pernambuco foi construída em Parceria Público-Privada, entre o Governo do Estado de Pernambuco e o consórcio liderado pela Construtora Norberto Odebrecht do Brasil. Projetada para integrar a denominada Cidade da Copa, a Arena Pernambuco é a primeira etapa do projeto, que, segundo o governo estadual, deverá ser concluído apenas em 2025. Entretanto, a previsão original seria de que, em 2014, além do estádio, estariam prontos parte do centro de convenções, um shopping center e um hotel com 300 quartos. Com apenas a Arena pronta, é provável que, da sonha Cidade da Copa, apenas o estádio esteja erguido em junho de 2014.

Conclusão

Há um ponto que é praticamente unânime entre os economistas especializados no tema: sediar uma Copa do Mundo não deixa o país (ou local) mais rico. O que justificaria, então, o desejo de tantas nações em sediarem um evento deste porte? Seria apenas a busca pela felicidade que gera em sua população? Será que gastar R$ 50 bilhões do dinheiro do povo brasileiro é mesmo justificável para alimentar a fantasia da felicidade de ser sede de uma Copa do Mundo? Eu penso que não.